Resenha do livro de crônicas
Indagações de ameixas.
ps: Publicado anteriormente no BLog da SEPMulheres: Observatório
Confesso que quando comecei a ler o novo livro da Vássia Vanessa o
que mais me intrigou foi o título: Indagações de Ameixas. Do que estaria ela falando? Seriam
indagações com sabor de ameixas? Seriam as frutas fazendo perguntas? As indagações
agora teriam sabor e não me avisaram? Tantas loucuras a nossa cabeça pensa.
Tratei foi logo de ir lendo as tais crônicas na mesma noite em que comprei o
livro, num fim de outubro de 2011, no lançamento da obra no Casarão, agora tão
aconchegante e reformado, onde revi as amigas queridas, como a nossa outra
escritora acreana brilhante Florentina Esteves.
Peraí... Mas hoje estou aqui para falar da Vássia Vanessa. Já
gostava de ler o que ela escrevia e até já escrevi um artigo para uma revista de
literatura sobre as pitorescas crônicas que ela tecia na saudosa revista Outra Palavras, do tempo
do maravilhoso governo do Jorge Viana. Vássia Silveira escrevia sempre nesta
revista saborosas crônicas falando de coisas que só as mulheres sabem falar,
coisas de família, de medos, das belezas encontradas de repente na cidade e, como
era lógico para além da crítica literária que eu sou há muito tempo, Vássia
cativou desde aí a leitora curiosa e incansável que há em mim.
Neste novo livro, Vássia Vanessa confirma que acertou em
cheio ao escolher ser escritora, as crônicas estão ainda melhores, com toque
refinado de maturidade que só adquirimos com a prática e a experiência. São
textos em que ela fala de todas nós mulheres, exatamente tudo aquilo que sentimos no dia
a dia, nossos anseios, nossas complicações nos relacionamentos, nossas batalhas
eternas com as pessoas da família e por aí vai. A crônica “Matar ou morrer”, na
qual ela descreve o medo de barata, o pavor, nojo mesmo, que quase todas nós
mulheres temos, inda que muitas não confessem, é demais. Ela até filosofa falando de
baratas: “... os homens são os piores inimigos das baratas e das mulheres. Das
primeiras porque mesmo que sintam medo ou nojo, são obrigados a esconder, em
nome da boa honra e da masculinidade; das segundas, porque se mostram excelentes
matadores.” (p.39)
Ah... Pensaram que me esqueci das ameixas...? Não, como
poderia? Há uma belíssima e muito sensível crônica no livro denominada
“Indagações de ameixas”, realmente tão boa que deu nome ao volume todo. Vássia
fala da irmã dela, dos olhos cor de ameixa e cheios de indagações que a menina
carrega por toda a vida. Sim... também eu tenho uma única irmã, a quem muito
prezo e amo, a doutora Vânia Prado, nós duas sabemos as dores de ser mulher e temos muitas afinidades.
Desta forma, esta crônica me tocou fundo. Porque só as
mulheres sabem falar das mulheres como ninguém, e quando falam de mãe, irmã ou
filhas, não é preciso que eu diga mais nada...
Vássia Silveira: é jornalista e escritora. Publicou pela
Editora Letras Brasileiras os livros infantis: Quem tem medo do Mapinguari? (2008) e Braboletas e ciuminsetos
(2007) e escreve crônicas semanais no blog Toda
Quinta.
http://todaquinta.blogspot.com/
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